(Daniely Borges e Rayssa Santos)

O canto coral é uma modalidade da música clássica que as comunidades podem apreciar principalmente em datas comemorativas como o Natal e a Páscoa. Em projetos sociais como o Algazarra Arte & Coral não é diferente. Crianças das comunidades de Itararé e São Benedito dedicam suas vozes durante o ano para o encantamento do público em ocasiões especiais. A maestrina do projeto, Alice Nascimento, explica que a demanda por música na comunidade é bem maior do que as pessoas imaginam, mas falta apoio de entidades públicas ao projeto.
A presença da música clássica na vida das 35 crianças e adolescentes que participam do Algazarra é um diferencial, “pois ensina não somente musicalização e canto, mas também traz lições de cidadania, ajuda na superação de problemas familiares e abre o universo desses meninos de uma maneira positiva”, destaca Alice.
Os resultados vêm em forma de reconhecimento. Em outubro passado, o Algazarra foi convidado para participar de um dos maiores festivais de coral do Brasil, o XII Canta Coral, em Itapatinga – MG. Encantado, o público retribuiu ovacionando os talentosos juvenis. No mesmo mês, em Vitória, o coral participou do XIII Cantares, o maior encontro de corais do Espírito Santo.

O apoio dos pais e da comunidade tem sido fundamental para a continuação do Algazarra. O local de ensaio é cedido pela Associação de Moradores de Itararé. “Sem esse apoio seria impossível ensaiar o grupo, que não possui nenhum tipo de patrocínio e sobrevive de doações de padrinhos, de rifas e do cachê de poucas apresentações ao longo do ano”, comenta a maestrina.
Algumas das crianças e adolescentes do Algazarra vêm de outro projeto, também sob a coordenação de Alice, o Canto na Escola (CE). Este é desenvolvido em três escolas municipais de Serra e atende cerca de 300 crianças, que participam de outras oficinas como balé, canto, violino e banda.
Mesmo com o reconhecimento das pessoas, Alice conta que o CE também tem enfrentado dificuldades, pois era custeado por uma empresa que passou por problemas financeiros e cortou a verba do projeto. Mas, ainda assim, os pais estão engajados em manter o CE. Satisfeita com o trabalho que beneficia seus quatro netos, a aposentada Maria de Lourdes de Jesus, 64, é uma voluntária do projeto. “Estou fazendo de tudo para este coral ir à frente. Acho que não pode parar, precisa de incentivo. As crianças estão seguras quando estão nos ensaios, pois estão fora das ruas”.

Apesar das dificuldades em manter o Algazarra e o CE ativos, Alice diz que “música é opção de vida”, e pretende dar continuação aos projetos. Em 12 anos ensinando crianças e adolescentes nas comunidades, ela já viu muitos de seus alunos se tornarem profissionais da música, ora dando aulas, ora tocando em orquestras ou cantando em corais, dentro e fora do ES. Para a ela, “esta é a recompensa pela qual vale a pena lutar”, comenta orgulhosa.