Alagamentos, atrasos e trânsito caótico expõem as dificuldades enfrentadas pelos capixabas que dependem do transporte público nos dias chuvosos.
No Espírito Santo, as chuvas são uma presença constante, e seu impacto vai além das enchentes e danos estruturais. Para milhares de capixabas, a dificuldade de locomoção é uma consequência direta desse fenômeno climático, alterando rotinas e gerando frustrações. Combinando precariedade no transporte público e condições urbanas insuficientes, a mobilidade urbana em dias chuvosos se transforma em um verdadeiro desafio, em especial na Grande Vitória.
Amanda Kfuri, 21, estudante de Jornalismo na Universidade Federal do Espírito Santo, mora em Vila Velha e depende de dois ônibus para chegar à universidade em Goiabeiras, Vitória. Ela conta que a chuva é sempre motivo de preocupação. “Já perdi provas importantes porque os ônibus não passaram ou estavam muito atrasados. Quando chove, é um caos. Às vezes o ponto de ônibus está tão alagado que a gente não sabe nem onde ficar.”
Para quem trabalha, os desafios não são menores. Vilma de Souza, 64, diarista que mora na Serra, também sente o peso das chuvas em sua rotina. Ela depende de ônibus para chegar ao seu trabalho em bairros nobres de Vitória e já contabiliza prejuízos causados pelos atrasos. “Quando começa a chover, já sei que vou me atrasar. O trânsito piora muito, e os ônibus não conseguem cumprir o horário. Muitas vezes, o motorista muda a rota para evitar ruas alagadas, e ninguém avisa nada.” Segundo ela, o maior impacto é na volta para casa. “Depois de um dia inteiro de trabalho, tudo que quero é chegar logo, mas demora o dobro do tempo. É cansativo.”
Os alagamentos são um fator crítico. Sem sistemas de drenagem eficientes, muitas ruas se tornam intransitáveis, o que paralisa o tráfego e dificulta ainda mais a locomoção. Áreas como o entorno da Terceira Ponte, um dos principais acessos entre Vila Velha e Vitória, frequentemente enfrentam congestionamentos que podem triplicar o tempo de deslocamento.
O impacto dessa realidade vai muito além do tempo perdido. Trabalhadores e estudantes enfrentam atrasos frequentes, perda de compromissos importantes e o estresse causado pela incerteza. A frustração de sair cedo de casa e ainda assim não conseguir cumprir horários é um reflexo de uma infraestrutura que não atende às demandas da população, especialmente em períodos de maior incidência de chuvas.
Com a chuva como uma constante no estado, é essencial que as cidades priorizem ações para mitigar os impactos nos dias chuvosos. Melhorar a mobilidade não é apenas uma questão de conforto, mas uma necessidade que afeta diretamente a qualidade de vida de milhares de capixabas. Enquanto isso, a previsão de chuva continua a ser, para muitos, um sinal de alerta para mais um dia de desafios e imprevisibilidade.
