De CEOs implacáveis a líderes empáticas: a revolução silenciosa no business feminino
Ana Clara Andrade
Nos últimos anos, o termo ‘Girlboss’ ecoou como um mantra de empoderamento feminino no mundo dos negócios. Imagens de mulheres jovens, impecavelmente vestidas e com carreiras meteóricas, inundaram as redes sociais e as capas de revistas. A promessa era de que, para ter sucesso, a mulher deveria adotar uma postura assertiva, quase masculina, em um ambiente corporativo ainda dominado por homens. No entanto, essa narrativa, que parecia libertadora, revelou-se uma armadilha, impondo um padrão de perfeição inatingível e, muitas vezes, desconsiderando as nuances e desafios reais do empreendedorismo feminino. Hoje, assistimos ao declínio dessa era e ao florescer de uma nova abordagem: o soft power.
A era ‘Girlboss’, impulsionada por figuras como Sophia Amoruso, da Nasty Gal, e Emily Weiss, da Glossier, prometia um caminho rápido para o topo. O sucesso era medido em avaliações bilionárias e em uma imagem de invencibilidade. Contudo, essa fachada começou a ruir. Empresas que pareciam inabaláveis enfrentaram falências, escândalos e a renúncia de suas fundadoras. A pressão para ser sempre forte, impecável e, de certa forma, uma versão feminina do “homem de terno”, mostrou-se insustentável. A crítica não é ao sucesso feminino, mas à forma como ele foi idealizado e imposto, ignorando a diversidade de experiências e a complexidade do mundo dos negócios.

É nesse cenário de desconstrução que o soft power emerge como uma alternativa poderosa e mais autêntica para as mulheres empreendedoras. Longe da imposição e da agressividade, ele se baseia na escuta ativa, na empatia, na colaboração e na capacidade de influenciar sem dominar. É a força invisível que molda ambientes, impulsiona equipes e transforma ideias em impacto real. Essa abordagem ressoa com as tendências atuais do empreendedorismo feminino, que apontam para um futuro onde a sustentabilidade, a inovação e o impacto social são tão importantes quanto o lucro.
Para entender melhor essa transição, podemos observar figuras como Mariana Henriques, uma influenciadora digital que construiu sua carreira não com base em uma imagem de perfeição inatingível, mas através da autenticidade e da conexão genuína com seu público. Com sua escuta ativa e empatia, transformou sua plataforma em um espaço de diálogo e apoio, onde mulheres se sentem representadas e inspiradas a seguir seus próprios caminhos, sem a pressão de se encaixar em um molde pré-definido. Ela não dita regras, mas compartilha experiências, aprendizados e vulnerabilidades, criando uma comunidade engajada e leal. Seu sucesso não vem da imposição, mas da influência sutil e do relacionamento construído com base na confiança.
Por outro lado, temos Jéssica Andrade, uma empresária que lidera sua empresa com uma abordagem que prioriza o bem-estar de sua equipe e a criação de um ambiente de trabalho colaborativo. Jéssica entende que o sucesso de seu negócio não se mede apenas em números, mas na satisfação de seus colaboradores e na qualidade das relações que estabelece com parceiros e clientes. Ela pratica a escuta ativa, valoriza as contribuições de todos e busca soluções que beneficiem o coletivo. Sua liderança é inspiradora, não por ser impositiva, mas por ser inclusiva e empática. Jéssica representa a nova geração de empreendedoras que compreendem que o poder não reside na rigidez, mas na flexibilidade, na adaptabilidade e na capacidade de construir pontes.
As tendências para o empreendedorismo feminino em 2025 reforçam essa mudança de paradigma. Há um foco crescente em negócios que priorizam a sustentabilidade, a economia circular e a personalização da experiência do cliente. O aumento da presença feminina em nichos técnicos, como desenvolvimento de software e design de experiência do usuário, demonstra que as mulheres estão ocupando espaços antes dominados por homens, mas o fazem com uma nova perspectiva, que valoriza a colaboração e a inovação com propósito. O “netweaving“, a construção de redes e relacionamentos, e o crescimento de negócios de cuidado e bem-estar são exemplos claros de como o soft power está se tornando a força motriz do empreendedorismo feminino.
O fim da era “Girlboss” não é o fim do empreendedorismo feminino, mas sim o início de uma fase mais madura. É a oportunidade para as mulheres redefinirem o sucesso em seus próprios termos, sem a necessidade de imitar modelos masculinos ou de se encaixar em estereótipos. É a ascensão de uma liderança feminina que não precisa gritar para ser ouvida, mas que inspira e influencia através da sua essência e da sua capacidade de conexão humana.
