O polêmico mergulhão

Obra estimada em R$77 milhões e prevista para durar três anos, enfrenta resistência da comunidade e questionamentos sobre diálogo e impactos ambientais.

Filipe Turiri e Maria Luiza Favalessa

Reprodução: PMV

A construção do mergulhão no cruzamento das avenidas Dante Michelini e Norte-Sul, na orla de Jardim Camburi, em Vitória, está longe de ser unanimidade. Anunciada pela Prefeitura como a grande solução para os congestionamentos na região, a intervenção, prevista para começar ainda neste ano, tem gerado polêmica entre moradores e frequentadores do bairro.

Com orçamento estimado em R$77 milhões e prazo de conclusão de três anos, o projeto prevê a construção de um túnel que eliminará semáforos e dará prioridade ao fluxo de veículos. A obra também prevê a instalação de uma passarela elevada para pedestres e ciclistas, equipada com rampas, escadas e mirantes com vista para a praia, uma substituição das atuais faixas de pedestres no cruzamento.

Moradores reclamam de falta de diálogo

Enquanto o poder público justifica o projeto, a comunidade se mobiliza, muitos afirmam que não foram devidamente consultados, e que as audiências públicas realizadas não atenderam às expectativas de debate. Um protesto realizado em julho no local denunciou a falta de escuta, alertando para os impactos ambientais e urbanísticos.

O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) entrou em cena e realizou uma reunião com representantes da comunidade, da Prefeitura e de associações de bairro, cobrando esclarecimentos sobre os impactos da obra e verificando se o projeto respeita o Plano Diretor Urbano e as legislações ambientais.

Foram feitas tentativas de contato com a Semob para obter posicionamento, mas não obtivemos resposta até o fechamento desta matéria.
De acordo com uma matéria publicada no portal da Prefeitura de Vitória, o projeto do Mergulhão de Camburi foi novamente apresentado à comunidade em reuniões realizadas em março de 2025, sendo essa a terceira apresentação do empreendimento à população local, com amplo tempo destinado a questionamentos, os quais foram respondidos pelos secretários de Obras e Transportes, com apoio técnico de arquitetos da Prefeitura

Obra avança em meio à polêmica

Apesar da controvérsia, a Prefeitura mantém o cronograma. O canteiro de obras deve ser instalado até o fim do ano, com intervenções de drenagem e terraplanagem previstas para os primeiros meses de 2026. A entrega está estimada para o início de 2027. Enquanto isso, a mobilização dos moradores permanece forte, com promessas de novos protestos e debates.

A Primeira Mão é uma revista-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Espírito Santo, totalmente desenvolvida por estudantes, sob orientação de professores. Além de sua versão em PDF, a partir de 2024, a revista também conta com uma versão digital, ampliando seu alcance e acessibilidade. Em 2013, a Primeira Mão foi uma das cinco finalistas da região Sudeste para o prêmio Expocom de melhor revista-laboratório impresso.

Contato