Palestina sob invasão

O papel de Israel no genocídio palestino e as origens da guerra atual

Repudiar as ações de Israel contra a Palestina é repudiar um genocídio em massa e um apartheid que segrega um povo em função de um conflito político e territorial. Este conflito é movido pelo imperialismo e caracterizado pela promoção de uma limpeza étnica e um genocídio em massa que dura 79 anos. A história dessa disputa, contada por diversos estudos sobre o tema, começa muito antes da criação do Estado de Israel.

Com a expansão do colonialismo e a derrota do Império Turco-Otomano pelos britânicos, ocorreu a divisão dos territórios turcos. Em 1923, surgiu o protetorado britânico na Palestina, exercendo controle sobre a área que hoje é Israel.

A lógica de destituição do território dos povos originários, por parte do protetorado britânico, baseou-se em uma visão eugenista de inferioridade dos povos que ali viviam. A concepção de Israel, que muitos fantasiam ser uma “não-nação” com raízes bíblicas, na verdade, tem sua origem no berço do sionismo e foi moldada pela arbitrariedade inglesa, muito antes da Segunda Guerra Mundial. Esse processo deflagrou uma série de revoltas entre os países árabes, já que a criação de Israel representava a contraposição a toda e qualquer autonomia dos povos originários, promovendo bombardeios a escolas e hospitais, além de uma série de abusos contra o povo palestino.

Israel limita o acesso a recursos básicos, segregando e humilhando inocentes na Palestina. Este conflito não é travado em pé de igualdade: os palestinos não possuem igual capacidade de resposta política e militar para enfrentar a guerra colonial israelense. O número de palestinos afetados é vastamente superior, como evidenciado em 2018, quando 31.558 palestinos foram mortos ou feridos, em contraste com 130 israelenses.

Em outubro de 2023, Israel lançou mais uma ofensiva brutal contra Gaza, após ataques do Hamas. A resposta israelense foi desproporcional, resultando na morte de mais de 36 mil palestinos (a maioria civis, incluindo mais de 15 mil crianças), segundo dados apresentados pelo Ministério da Saúde de Gaza. Enquanto isso, Israel, financiado pelos Estados Unidos, continua a impor um bloqueio desumano a Gaza, limitando o acesso a água, energia elétrica, medicamentos e alimentos.

A Corte Internacional de Justiça (CIJ) decidiu, em janeiro de 2024, que Israel está cometendo atos que configuram genocídio, e ordenou medidas para evitar mais mortes de civis. No entanto, o governo de Benjamin Netanyahu ignorou a decisão e seguiu com os ataques, inclusive em Rafah, onde mais de 1,4 milhão de palestinos deslocados estavam refugiados.

As ações de Israel na madrugada de 13 de junho, que incluíram ataques de grande proporção contra o Irã, basearam-se na alegação de que o Irã estaria próximo de desenvolver bombas atômicas e desrespeitando o acordo nuclear. Essa justificativa, contudo, é comparável à utilizada pelos EUA para invadir o Iraque em 2003, que se provou infundada. Essa mesma afirmação sobre o enriquecimento de urânio pelo Irã e a iminência de produzir bombas atômicas tem sido repetida por Netanyahu há 30 anos.

O Irã, como um dos principais opositores de Israel no Oriente Médio, apoia grupos de resistência como o Hamas e o Hezbollah, mas isso não justifica a violência israelense. A retórica de Israel e dos EUA tenta pintar o Irã como um “Estado terrorista”, mas esconde o fato de que Israel é o maior violador de resoluções da ONU, com mais de 100 condenações por violações de direitos humanos. Além disso, Israel detém 90 ogivas nucleares, segundo a Federação dos Cientistas Americanos e o Instituto Internacional de Pesquisa para Paz de Estocolmo.

Embora cristãos fundamentalistas comercializem falsas perspectivas a respeito das críticas erguidas contra Israel, estas não dizem respeito a uma ótica antissemita. O termo faz referência a uma ideologia que defende a opressão de povos de origem semita, como judeus, libaneses, palestinos, sírios, jordanianos e muitos outros. Já a teoria sionista liga nacionalidade, hereditariedade e religião, sendo uma ideologia colonialista que busca firmar-se num território por meio da dominação e da necropolítica.

A história e as evidências atuais demonstram um padrão de violações sistemáticas, perpetuadas por uma ideologia colonialista e racista. É crucial posicionar-se contra essa política de expansão infundada e contra uma concepção de Israel que se mantém viva apenas em fantasias bíblicas de uma “não-nação”. Originada no berço do sionismo, Israel se utiliza dos horrores do Holocausto em seu benefício e como forma de chantagem, enquanto oculta a colaboração ativa do movimento sionista com o inimigo mais feroz que os judeus já tiveram. Isso não pode ser ignorado.

A Primeira Mão é uma revista-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Espírito Santo, totalmente desenvolvida por estudantes, sob orientação de professores. Além de sua versão em PDF, a partir de 2024, a revista também conta com uma versão digital, ampliando seu alcance e acessibilidade. Em 2013, a Primeira Mão foi uma das cinco finalistas da região Sudeste para o prêmio Expocom de melhor revista-laboratório impresso.

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