Teatro do Centro de Artes: Até quando?

Iniciadas há mais de 10 anos, as obras permanecem sem previsão de conclusão


Mélany Pacheco Nogueira

Iniciado em 2014, o teatro do Centro de Artes foi concebido para atender às demandas acadêmicas e culturais dos cursos de artes. Ao longo dos anos, a construção passou por sucessivas paralisações, licitações frustradas e revisões de projeto, tornando-se símbolo de promessas não cumpridas. Embora a estrutura básica esteja erguida, o prédio nunca chegou a ser utilizado e segue fechado à comunidade universitária e ao público externo. 

A direção do Centro de Artes considera que, mesmo com todas as incertezas, este é o momento mais promissor em anos, e informa que após uma longa trajetória de tentativas fracassadas para conclusão da obra, a empresa licitada para tal, está finalizando ajustes para iniciar a obra.

“Será um espaço para ensaios e apresentações com qualidade acústica, além de valorizar a imagem do Centro de Artes. Mayra Aguiar, vice diretra do CAr

Para a vice-diretora do Centro de Artes, Maira Aguiar, o teatro representa muito mais do que um prédio inacabado: será um espaço de formação cultural e artística.“Tem uma importância muito grande para nós, não só simbólica, mas prática. Será o espaço para ensaios e apresentações com qualidade de som e acústica, além de valorizar a imagem do Centro de Artes, diz a vice-diretora.

Além disso, ela acredita que o teatro poderia gerar receita própria para ajudar a manter o Centro. “Nós poderíamos alugar para eventos e apresentações, e essa captação ajudaria a enfrentar a falta de recursos que a universidade vive há anos.”, afirma Aguiar.

Obra marcada por problemas

O histórico da construção é longo e conturbado. Desde o início, sucessivas licitações acabaram fracassando: empresas abandonavam a obra por problemas financeiros, falta de capacidade técnica ou questões estruturais descobertas tardiamente. Segundo a vice-diretora, nove empresas já foram licitadas ao longo dos anos.

Em vários casos, após a contratação, as construtoras não conseguiam comprovar que tinham condições de dar andamento ao projeto. Em outros momentos, foram identificadas falhas estruturais na edificação, o que exigiu revisões de engenharia e novos processos licitatórios.

Em 2024, a obra finalmente foi contemplada pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, com recursos estimados entre R$ 5,45  milhões. Apesar da esperança, permanece a dúvida se o valor será suficiente. 

Embora a estrutura básica esteja construída, ainda faltam acabamento, instalação de equipamentos acústicos, mobiliário e sistemas de som, que têm custo elevado. Segundo a Superintendência de Infraestrutura da Ufes foi procurada para informar quando as obras recomeçam, mas não respondeu até o fechamento desta edição. A promessa inicial era começar ainda em 2025, com entrega prevista em 2026, mas essas datas podem se estender dependendo de revisões estruturais e novas licitações.

Impactos na formação acadêmica 

A obra inacabada do teatro tem impacto na formação dos estudantes. Cursos como música e artes visuais convivem com limitações estruturais que prejudicam apresentações e a vivência artística. Thalia Barbosa Ribeiro entende como isso afeta as aulas práticas. 

“Temos aulas práticas sobre movimento corporal, e eu acredito que seria uma coisa muito útil o teatro do CAr, porque as salas não têm estrutura para a pessoa fazerem esses movimentos. O funcionamento do teatro do Centro de Artes proporcionaria aos alunos mais acesso à exposição das suas formas de expressão, mais autonomia e espaço para aulas”. Além da parte pedagógica, a ausência do teatro impede a criação de novos projetos de extensão e pesquisa. 

Imagens do Teatro do Centro de Artes pela HZ A Gazeta

A Primeira Mão é uma revista-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Espírito Santo, totalmente desenvolvida por estudantes, sob orientação de professores. Além de sua versão em PDF, a partir de 2024, a revista também conta com uma versão digital, ampliando seu alcance e acessibilidade. Em 2013, a Primeira Mão foi uma das cinco finalistas da região Sudeste para o prêmio Expocom de melhor revista-laboratório impresso.

Contato