ES lidera ranking nacional de recuperação ambiental de áreas degradadas

O Espírito Santo ocupa, atualmente, o primeiro lugar no ranking nacional de recuperação de áreas degradadas, segundo levantamento do Centro de Liderança Pública (CLP), com base em dados do MapBiomas e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o portal da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEAMA), o resultado é reflexo direto das ações realizadas por meio do Programa Reflorestar, iniciativa do governo capixaba voltada para a restauração florestal e a conservação dos recursos naturais.

Desde sua criação, em 2011, o Reflorestar já possibilitou a recuperação de 11,8 mil hectares de áreas degradadas e a preservação de outros 13 mil hectares em todo o estado, com mais de 9,1 milhões de árvores nativas plantadas. Mais de 5,2 mil produtores rurais foram beneficiados até agora, recebendo apoio técnico e financeiro para aplicar práticas sustentáveis em suas propriedades.

Recuperação avança, mas o tempo da natureza exige paciência e persistência

Apesar dos avanços, o Espírito Santo ainda enfrenta desafios significativos. Em 2024, foram registrados 137 hectares desmatados, uma redução de mais de 60% em relação ao ano anterior, quando o número chegou a 362 hectares. Embora esse dado represente uma conquista, a degradação continua presente em diversas regiões.

Estudos do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) indicam que a regeneração natural de florestas tropicais pode levar mais de 30 anos para que a vegetação atinja condições semelhantes às do estado original. Por isso, o uso de técnicas como sistemas agroflorestais, plantio de espécies nativas e proteção de nascentes torna-se essencial para acelerar o processo e garantir que a recuperação ambiental também gere retorno econômico.

Um exemplo prático desse resultado vem de Santa Teresa. Lá, o agricultor Luiz Fonseca viu sua propriedade se transformar após aderir ao programa. “As nascentes estavam quase secas e o solo ficando pobre. Com o projeto, replantamos nativas e implantamos um sistema agroflorestal. A água voltou, a terra está melhor e ainda tiro renda do que planto. Mudei o jeito de produzir”, afirma.

Com adesão dos produtores e apoio da sociedade, futuro ambiental pode ser mais verde

O Reflorestar combina assistência técnica com apoio financeiro via editais públicos. O modelo inclui a recuperação de nascentes, criação de áreas de preservação permanente (APPs), reservas legais e técnicas produtivas sustentáveis. Tudo isso sem comprometer a renda dos produtores — o que tem sido decisivo para o crescimento da adesão.

A Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEAMA) aponta, em suas campanhas, que o objetivo agora é ampliar o programa, especialmente nas regiões com maior vulnerabilidade ambiental. O secretário da pasta, Felipe Rigoni, foi procurado pela reportagem, mas não retornou os contatos até o fechamento desta edição.

Além do Reflorestar, programas de nível nacional também têm contribuído para a restauração ambiental em larga escala. O Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg) tem como meta restaurar 12 milhões de hectares até 2030, enquanto o Programa Floresta+, oferece incentivos financeiros a quem protege e recupera florestas em todos os biomas brasileiros, – ambos promovidos pelo governo federal.

A Primeira Mão é uma revista-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Espírito Santo, totalmente desenvolvida por estudantes, sob orientação de professores. Além de sua versão em PDF, a partir de 2024, a revista também conta com uma versão digital, ampliando seu alcance e acessibilidade. Em 2013, a Primeira Mão foi uma das cinco finalistas da região Sudeste para o prêmio Expocom de melhor revista-laboratório impresso.

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